Diminuir o consumo de plásticos descartáveis é uma tendência no mundo todo, tendo em vista os danos que causam ao ecossistema, especialmente o marinho. Em Fortaleza, por exemplo, foi sancionada uma lei, em novembro de 2019, que proíbe a venda e a distribuição de canudos plásticos. Já a União Europeia pretende até 2021 proibir produtos como talheres, copos, pratos e cotonetes com hastes de plásticos.
Foi nessa onda sustentável que a cearense Paula Facó resolveu criar um prato biodegradável feito a partir de plantações orgânicas de bananeira no quilombo da Serra da Rajada, em Caucaia. A pesquisa da assessora de comunicação foi contemplada pelo edital do Laboratório de Criação de 2019 da Escola de Gastronomia Social Ivens Dias Branco. Além dela, outros seis pesquisadores fizeram parte do projeto.
Há pouco mais de um ano, Paula decidiu conciliar a vida como comunicadora com a paixão pela Gastronomia. Ao lado de uma amiga, vendia sopas aos finais de semana. “A gente tinha um desejo de não utilizar plástico de uso único e começamos uma busca por opções que causassem menos impacto ao meio ambiente”, conta. A motivação para a pesquisa veio justamente quando não encontraram produtos acessíveis.
Sob a mentoria de Adriano Mattos, analista do Laboratório de Biomassa da Embrapa, a cearense se dedicou por sete meses até chegar ao resultado.
“Conseguimos desenvolver um processo de produção simples, de forma a respeitar os conceitos de sustentabilidade, que está presente não só no produto final, mas em todas as etapas de produção”.
Além de ser seguro para a saúde e para o meio-ambiente, os pratinhos M.U.S.A (Materiais e Utensílios Sustentáveis para Alimentação) conferem um toque rústico e especial para qualquer decoração. O nome, inclusive, foi escolhido por Paula por conta do gênero das bananeiras, conhecido como Musa, o da banana-prata, por exemplo, é Musa acuminata.
Reutilizar
Uma das escolhas por usar a banana como matéria-prima tem relação com seu alto potencial de reutilização, bem como ser uma das frutas mais produzidas e consumidas no Ceará. “O grande diferencial do utensílio e o que o difere de outros já existentes, como os de mandioca ou de coco, é que sua matéria-prima já está disponível na natureza”, explica Paula.
Outro resultado da pesquisa mostra ainda que há outras partes da produção da banana que poderiam ser reaproveitados, a exemplo do palmito da bananeira que é uma planta alimentícia não convencional (PANC). As propriedades nutricionais e o sabor são semelhantes ao do palmito convencional extraído das folhas de algumas palmeiras.
“Hoje, o objetivo da pesquisa é diversificar os utensílios para alimentação e desenvolver produtos a partir de outros resíduos da produção de bananeira, como o palmito e o coração ou mangará da bananeira”, afirma Paula.