Sabe aqueles plásticos conhecidos popularmente como “filme” e que envolvem alimentos junto com um prato de isopor em mercados? Eles são feitos de um dos polímeros (derivado de petróleo) mais consumidos atualmente, o polietileno de baixa densidade, e que jogado na natureza leva cerca de 100 anos para se degradar.
Mas o uso desse plástico pode estar com os dias contatos, informa Mário Bittencourt, do Jornal Correio. Pesquisa do Programa de Pós-Graduação em Engenharia e Ciência de Alimentos, da Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia (Uesb), campus de Itapetinga, desenvolveu “filmes” biodegradáveis e antimicrobianos que se degradam na natureza entre dois a três meses.
A autora da pesquisa é a estudante de mestrado Luana Dias, que é orientada pela professora doutora Cristiane Patrícia Oliveira. Luana já está em fase final do estudo, e sua dissertação de mestrado será defendida no final de fevereiro deste ano. Após isso, ela espera que alguma empresa se interesse comercialmente pelo seu trabalho.
O “filme” de Luana Dias é uma embalagem ativa antimicrobiana, a qual foi incorporada a enzima lisozima, que é natural e possui a característica de inibir o crescimento de micro-organismos.
Ela utiliza dois polímeros que formam o plástico: um natural, composto de quitosana, amido e gelatina, e o outro é feito com quitosana e álcool polivinílico, que não é natural, mas possui característica de biodegradabilidade.
Nos testes realizados para verificar o tempo que os plásticos levam para se decompor na natureza, Luana Dias constatou que a deterioração do “filme” composto de quitosana, amido e gelatina leva dois meses para desaparecer, enquanto o plástico produzido de álcool polivenilico com quitosana se decompõe em três meses.
Outros testes
Outros testes foram realizados para verificar e analisar as características dos “filmes” como de solubilidade, permeabilidade ao vapor d’água, propriedades mecânicas e percentual de transparência.
Também foram realizados testes de cor avaliada no espectro e de atividade antimicrobiana para verificar a formação de halos de inibição, que indica o quanto a enzima de lisozima (presente também nas lágrimas e na mucosa humana) expandiu sua ação. Nesse último aspecto, foi verificado pela pesquisadora que a expansão se deu de forma contínua.
Contaminação reduzida
“Eu analisei, no período de três dias, e todos os dias eu verificava esse aumento do halo de inibição. Então a enzima realmente migrou no meio de cultura. Provavelmente, em uma embalagem, ela estaria migrando para o alimento e fazendo o controle microbiológico. Lembrando que a contaminação acontece da superfície para dentro”, explicou Luana Dias.
A pesquisadora acrescentou ainda que esse tipo de embalagem no Brasil “seria uma inovação e também uma maneira de reduzir o nível de contaminação de alimentos, justamente, por estabelecer esse controle microbiológico”.