Incêndios florestais, como os que aconteceram recentemente na Austrália, Indonésia e Estados Unidos, contribuem para a poluição do ar e o aquecimento global. Apesar desse impacto, os mecanismos para lidar com estes desastres ainda são insuficientes, segundo uma pesquisa do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma).
Um estudo da agência e uma empresa parceira, Working on Fire, da África do Sul, explora essa ligação entre fogo florestal e aquecimento global. Em outubro, as conclusões foram apresentadas no Brasil por uma especialista da agência, Johan Kieft, durante a Conferência Internacional sobre Incêndios em Terras Florestais.
Segundo Kieft, “o setor florestal oferece um potencial significativo para mitigação das emissões de gases de efeito estufa.” Ele diz que “pesquisas mostram que os incêndios florestais são cada vez mais responsáveis pela degradação florestal nos trópicos devido à expansão da agricultura, mudança no uso da terra, práticas de exploração e secas severas.”
O especialista informou que “cerca de 67 milhões de hectares, ou 1,7% do total, de terras florestais foram queimados anualmente entre 2003 e 2016, principalmente na América do Sul tropical e na África.”
Liberação de gases-estufa
Os incêndios liberam na atmosfera CO2 e outros gases que “contribuem substancialmente” para o efeito estufa no planeta, aumentando assim a probabilidade de inundações e secas.
Também produzem partículas de fumaça prejudiciais à saúde. Essas partículas reduzem a radiação solar absorvida pela atmosfera, o que pode gerar efeitos climáticos regionais significativos. Além disso, depósitos de carbono preto na neve tornam-a menos capaz de refletir a luz solar, aquecendo ainda mais o planeta.
Iniciativa Reed+
Para capturar esse potencial, os países que fazem parte da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (UNFCCC) desenvolveram a iniciativa Redução de Emissões do Desmatamento e Degradação Florestal, conhecida como Redd +. O programa é uma parceria entre o Pnuma e a Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO).
A iniciativa fornece incentivos para reduzir as emissões do desmatamento e degradação, gerenciar florestas de maneira sustentável e conservar as quantidades de carbono que estão armazenadas nas florestas de todo o mundo.
Impactos negligenciados
Segundo o especialista do Pnuma, no entanto, “os impactos das mudanças climáticas dos incêndios florestais foram amplamente negligenciados” durante as negociações para a iniciativa. Ele diz que é necessário levar em conta os incêndios nos planos nacionais contra as mudanças climáticas.
O Redd + também tenta garantir que as responsabilidades pelo gerenciamento de incêndios sejam distribuídas de maneira justa, que os meios de subsistência rurais sejam protegidos e que quaisquer novas atividades tenham resultados positivos para a população local.
Soluções na natureza
Florestas e outros ecossistemas semelhantes são as principais soluções baseadas na natureza para as mudanças climáticas, graças à sua capacidade de absorver e armazenar CO2.
Estes ecossistemas capturam cerca de um terço das quantidades de dióxido de carbono libertadas anualmente pela queima de combustíveis fósseis. Segundo a ONU, parar o desmatamento e restaurar ecossistemas danificados pode representar 30% da solução climática global.
(Via ONU News)