Alcançar (e manter) a competitividade nunca foi questão de fórmula, ainda mais neste cenário em constante mutação e evolução. A boa notícia é que há uma luz despontando no fim do túnel, e a estrada que conduz à saída tem até nome: sustentabilidade.
Felizmente, organizações dos mais variados portes e segmentos vêm adotando estratégias agressivas para reduzir as emissões e aumentar a eficiência. E o melhor é que essa forma responsável de gerir os negócios tem impacto tanto nos resultados financeiros quanto na saúde do planeta.
Todos os anos, as empresas investem mais de US$ 450 bilhões em iniciativas de eficiência energética e sustentabilidade. Mais: quase 80 mil projetos de redução de emissões relatados por 190 empresas da Fortune 500 mostraram uma economia de quase US$ 3,7 bilhões somente em 2016.
O que essas companhias que já estão na estrada têm a nos ensinar? O que elas fazem para reduzir as emissões? Quais são os impulsionadores do investimento corporativo? Quais ferramentas e tecnologias elas usam para coletar e analisar dados? Quais são as barreiras para o progresso?
A Schneider Electric, especialista na transformação digital em gestão da energia elétrica e automação, foi atrás das respostas. O resultado desse esforço é o Relatório de Progresso das Empresas em Energia e Sustentabilidade 2019, cujas principais conclusões estão a seguir.
A primeira delas é que desenvolver um case de negócios sólido pode ser mais importante do que dispor de capital imediatamente. Segundo os respondentes, a principal razão para que um projeto de sustentabilidade seja aprovado é demonstração de ROI (51%), seguida por engajamento da liderança executiva (30%) e capital disponível (10%).
A segunda conclusão é que dados estão disponíveis, mas as empresas têm muita dificuldade para assegurar a qualidade deles e, mais, usar as informações para promover a colaboração.
Também é interessante observar que os dados de energia e sustentabilidade vêm de uma série de fontes e que ainda há um longo caminho no que se refere à digitalização: contas de serviços públicos (89%); sistemas de gerenciamento de energia (73%); planilhas (52%); extratos de dados de serviços públicos (48%); e dispositivos IoT (apenas 18%).
Empresas que estabelecem metas públicas aceleram sua ação em energia e sustentabilidade e veem vantagens – essa é a terceira descoberta do estudo da Schneider Electric. E os impulsionadores para as iniciativas de energia e redução de carbono das organizações que assumiram compromissos públicos são: meio ambiente (44%); expectativas do consumidor/investidor (42%); brand awareness (23%); e vantagem competitiva (18%).
Nesse contexto, vale compartilhar outro fato interessante: as empresas que assumem compromissos públicos são mais propensas a adotar novas tecnologias. Isso acontece porque elas têm dados mais assertivos sobre seu desempenho ambiental (requisito para cumprir compromissos públicos), e tais dados criam estimativas mais confiáveis dos benefícios financeiros e não-financeiros dessas tecnologias avançadas.
A quarta conclusão é que, para economizar dinheiro, é fundamental verificar as fontes de energia, e as companhias de modo geral estão perdendo oportunidades de capitalizar a compra estratégica de energia.
Segundo revelaram os entrevistados, os meios para alcançar economias significativas com compra de energia são: eficiência energética (77%); coleta e análise de dados (35%); e fontes estratégicas (29%).
Finalmente, a quinta descoberta do Relatório de Progresso das Empresas em Energia e Sustentabilidade 2019 é a seguinte: a eficiência energética domina, as energias renováveis aceleram, e as novas tecnologias se consolidam.
Em outras palavras: graças aos benefícios financeiros claros, iniciativas de eficiência energética e projetos de energia renovável estão cada vez mais populares. O estudo aponta que 93% dos respondentes estão usando eficiência energética – que, diga-se de passagem, não requer capital inicial significativo – para atingir seus objetivos, e 63% estão implementando renováveis.
Tem mais: as empresas líderes já reconhecem que as microrredes permitem criar oportunidades financeiras por meio da capacidade de gerar, armazenar, usar e vender energia em um cenário de energia distribuída. As microrredes são, agora, modulares e devem ser consideradas um investimento em longo prazo que pode ser adicionado à medida que as necessidades e a tecnologia mudam.
Resumindo, o que fica de lição é: a hora de agir é agora. Se as companhias ainda não estão envolvidas com a otimização dos seus programas de energia e sustentabilidade, elas estão ficando para trás e, consequentemente, estão deixando de fazer economias nos resultados finais.
Ao construir casos de negócios sólidos, ao usar dados de forma mais eficaz, ao definir metas públicas, ao adquirir energia estrategicamente e ao explorar tecnologias emergentes, há oportunidade para empresas de todos os setores liderarem a transição energética.
*Marcos Matias é presidente da Schneider Electric Brasil.