O Brasil tem tudo para se tornar um exemplo no uso de diversas fontes renováveis, limpas e sustentáveis de energia, caso venha a ampliar a adoção dos sistemas fotovoltaicos e eólicos além da hidráulica (61% da matriz elétrica nacional), nos próximos anos. Em relação à energia solar fotovoltaica o céu é literalmente o limite, pois o sol é generoso com o país, que possui extraordinários índices de radiação em praticamente todo o território nacional.
As condições solares são tão favoráveis que é quase inexplicável porque a fonte solar ainda não é usada em residências, empresas, fábricas e fazendas brasileiras. A redução dos custos da energia elétrica e os benefícios ambientais são as principais vantagens da tecnologia solar tanto para o cidadão como para empresários e empreendedores.
Nos últimos oito anos, o movimento em prol da energia solar fotovoltaica se tornou um caminho sem volta no Brasil. A histórica Resolução Normativa 482/2012 da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) é o marco deste movimento integrado por empresários de vários setores, engenheiros eletricistas, especialistas e entidades representativas de consumidores e do mercado, que sabem o quanto a energia do sol pode ser uma aliada do desenvolvimento sustentável.
No momento, a revisão da RN 482 da Aneel desperta muitas esperanças para que seja aprimorada permitindo ajustes equilibrados e justos à expansão da geração distribuída, compartilhada e remota da energia fotovoltaica no país. Não se trata de competição com a fonte hidráulica, mas de aumentar as alternativas de geração de energia elétrica de boa qualidade, renovável, sustentável e de baixo custo.
Pesquisa
Lançada em agosto deste ano, a pesquisa ‘Energia Solar Fotovoltaica e os Pequenos Negócios no Brasil’, realizada pelo Centro Sebrae de Sustentabilidade (CSS) em parceria com a Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica (Absolar) e a Fundação Seade, traçou um panorama do setor em relação aos pequenos negócios.
Os resultados da pesquisa foram baseados nas entrevistas realizadas por telefone com 3.199 empresários de micro e pequenas empresas dos 26 Estados e do Distrito Federal dos quatro principais setores econômicos: agropecuária, indústria, comércio e serviços, no período de 14 de maio a 15 de julho deste ano. A amostragem da pesquisa foi baseada na RAIS 2016.
Os maiores desafios detectados pela pesquisa para a expansão da energia fotovoltaica entre os pequenos negócios foram: assegurar informação sobre esta fonte de energia renovável e limpa e os mecanismos de estímulo e apoio à sua adoção; e superar a percepção de que é necessário um elevado investimento inicial e da dificuldade para acessar crédito para este fim.
A pesquisa está acessível no portal do CSS para download (www.sustentabilidade.sebrae.com.br )
Conheça alguns dos principais resultados, abaixo.
Em relação ao uso e conhecimento sobre energia solar fotovoltaica, os resultados foram os seguintes:
70,7% conhecem pouco e não usam
20% não conhecem
9,2% conhecem bem, mas não usam
0,1% usam
O grau de informação dos entrevistados sobre energia solar fotovoltaica:
39,7% já ouviram falar
31% conhecem pouco
11,4% primeira vez que ouvir falar
9,2% bem informados
8,7% não conhecem
A maioria instalou sistema fotovoltaico conectado à rede:
93,4% conectado à rede;
6,6% isolado ou autônomo.
Como os sistemas fotovoltaicos foram financiados:
51,3% recursos próprios dos empresários
21,6% instituições financeiras púbicas
20,1% instituições financeiras privadas
1,7% fornecedores de equipamentos
1,7% outras instituições públicas
0,8% outros
6,1% não sabem
Incentivos fiscais para instalar sistemas fotovoltaicos:
79,4% não tiveram incentivo fiscal
14,4% não sabem
3,8% estaduais (ICMS)
2,5% federais (PIS, Cofins, IPI, etc)
0,8% municipais (IPTU, Verde, ITBI, etc)
Fonte de assistência técnica:
64,2% fornecedor do sistema
25,6% empresas técnicas especializadas
8,9% sem assistência técnica
0,8% agentes financeiros
0,4% instituições públicas
0,4% institutos de ensino e pesquisa
1,5% outros
1,5% não sabem
Resultados positivos do investimento em energia solar fotovoltaica:
83,9% redução de gastos com energia elétrica
20,3% benefícios ambientais
12,7% retorno do investimento
10% redução de impostos e taxas
7,2% segurança, regularidade e autonomia na produção de energia
3% imagem e competitividade da empresa
2,5% créditos de energia
2,1% outros
4% não tiveram resultados positivos
Pretendem investir mais em energia renovável nos próximos dois anos:
47,5% ampliação do sistema solar fotovoltaico
12,5% outras fontes renováveis
Entre os pequenos negócios que conhecem bem mas não usam energia solar fotovoltaica: acreditam que haveria benefício se a empresa adotasse sistema fotovoltaico (por regiões):
84,8% Região Norte
79,7% Região Centro-Oeste
75,8% Região Nordeste
72,3% Região Sudeste
68,9% Região Sul
Motivos dos empresários que conhecem bem, mas não usam energia solar fotovoltaica:
41,5% falta de recursos, investimento inicial alto
19,9% imóvel não é próprio
13,1% faltam informações sobre benefícios e aspectos técnicos
8,6% área insuficiente, prédio, pouca incidência de sol
5,1% impostos elevados
Embora não usem energia solar fotovoltaica, adotam práticas de eficiência energética:
51,3% troca de equipamentos por mais eficientes
42,3% horários definidos para ligar e desligar equipamentos
30,8% implantação de sensores de presença nos ambientes
3,1% uso de outras fontes renováveis
Entre os que conhecem bem mas não usam, pretendem investir em sistema fotovoltaico nos próximos dois anos:
87,5% Região Norte
56% Região Sul
55,1% Região Nordeste
52,3% Região Centro-Oeste
46,3% Região Sudeste
Entre os que não conhecem energia solar fotovoltaica, poucos conhecem energias renováveis, (exceto energia solar para aquecimento de água):
50,7% energia solar para aquecimento de água
43,4% nenhuma fonte renovável
25,6% energia eólica
7,9% hídrica
2,4% biomassa/ biogás
Praticamente todos que não conhecem energia fotovoltaica valorizam medicas de estímulo para adoção de energia solar fotovoltaica:
96,9% redução de impostos
93,6% programas federais, estaduais e municipais de incentivos
90,7% possibilidade de obter crédito com energia gerada
88,9% linhas de financiamento e crédito
79% montar consórcios com outras empresas ou vizinhos
(Por Vanessa Brito, do Centro Sebrae de Sustentabilidade)