Na manhã de 20 de setembro, os funcionários dos escritórios corporativos da Amazon deixarão o emprego pela primeira vez desde que a empresa foi lançada, há 25 anos. O objetivo: pressionar a gigante da tecnologia a agir mais rapidamente para lidar com as mudanças climáticas.
Até o momento 941 funcionários da Amazon se comprometeram a participar desta que será a maior paralisação climática global liderada pela ativista sueca Greta Thunberg, de 16 anos.
Em algumas empresas, informa Adele Peters, da Fast Company, os escritórios fecharão completamente. A Seventh Generation, por exemplo, dará aos funcionários de 30 países um tempo de folga para protestar, enquanto a Burton nem abrirá, além de redirecionar seu site de comércio eletrônico para a página inicial da Greve Global do Clima.
Todavia, na Amazon, a paralisação é uma iniciativa de um grupo de funcionários cujo objetivo é estimular a companhia a se comprometer mais pela causa. Em um post do Medium, o grupo, chamado Amazon Employees for Climate Justice, cita Jeff Bezos: “É difícil encontrar uma questão que seja mais importante que a mudança climática”.
Papel da Amazon
Em seguida, aponta o papel da Amazon no problema. Como a empresa administra armazéns e faz entregas, ela contribui para as emissões de gases de efeito estufa. Mais do que isso: teria projetado uma tecnologia personalizada para ajudar as empresas de petróleo e gás a trabalhar mais rapidamente para explorar novas reservas. De acordo com o grupo, a Amazon também ajuda a financiar um grupo de céticos do clima, além de membros do Congresso americano que votaram, consistentemente, contra a legislação climática.
Os funcionários da Amazon querem que a empresa encerre contratos referentes a soluções personalizadas para empresas de petróleo e gás, sob alegação de que diversos estudos demonstram que as companhias devem interromper a extração de novas quantidades de combustíveis fósseis no sentido de manter as emissões globais sob controle.
Eles também querem que a empresa pare de financiar o Competitive Enterprise Institute, um grupo de céticos do clima apoiado pelas Indústrias Koch e ligado ao governo Trump. Anteriormente, os funcionários pressionavam por uma resolução dos acionistas que exigisse que a empresa divulgasse um plano para reduzir as emissões.
“Como funcionários de uma das maiores e mais poderosas empresas do mundo, nosso papel em enfrentar a crise climática é garantir que nossa empresa esteja liderando esse processo. Temos que assumir a responsabilidade pelo impacto que nossos negócios têm no planeta e nas pessoas”.
No início deste ano, a Amazon prometeu tornar metade de suas entregas neutras em carbono até 2030. Os funcionários cobram que a empresa atinja zero emissões no mesmo período, observando que, embora a transição seja um desafio, a tecnologia para o transporte elétrico de curta distância, por exemplo, já existe, e os voos movidos a eletricidade chegarão em breve.
A Amazon, eles argumentam, deveria estar ajudando a impulsionar uma transformação mais rápida do setor de transporte. “Um compromisso da Amazon tem o poder de movimentar indústrias”, escrevem eles. “O investimento da empresa em aviação eletrificada ou transporte marítimo seria um divisor de águas.” A empresa também anteriormente se comprometeu a utilizar 100% de eletricidade renovável, apesar de ter atingido metade desse objetivo, enquanto o Google e a Apple já percorreram todo o caminho.