Dia Mundial da Água
O chafariz do Terreiro de Jesus, construído em 1861 pela Companhia de Águas do Queimado, com a escultura de Ceres no topo, deusa da abundância, e quatro estátuas seminuas carregando bacias de águas jorrantes representando os quatro principais rios da Bahia: São Francisco, Jequitinhonha, Paraguaçu e Pardo; simboliza o potencial hídrico do estado, percebido no Século XIX.
O Dia Mundial da Água, 22 de março, proposto durante a Eco 92, Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento, no Rio, e criado pela ONU em 1993, convida para atividades que promovam a consciência pública sobre a importância da conservação, preservação e proteção da água, suas fontes e suprimentos de água potável. Um dos principais focos é apoiar o Objetivo de Desenvolvimento Sustentável 6 (ODS 6): Água e saneamento para todos, garantindo acesso à água potável a todos.
O tema do Dia Mundial da Água 2023 é “Acelerando Mudanças – Seja a mudança que você deseja ver no mundo”, parafraseando Mahatma Gandhi, estará no centro dos debates no Water Conference da ONU, que acontecerá em Nova York de 22 a 24 de março deste ano.
Sintonizado, o novo relatório “ESG e Tendências no Setor de Saneamento do Brasil”, elaborado pelo Instituto Trata Brasil, em parceria com a KPMG, aborda o setor e como os atores que compõem sua cadeia se relacionam com a Governança Socioeconômica e Ambiental (ESG) – destacamos socioeconômica como fidúcia para a sustentabilidade – ressaltando o papel que a infraestrutura dos serviços básicos desempenham em um cenário nacional de cerca de 35 milhões de brasileiros que não têm acesso à água potável, e cerca de 7,8 mil piscinas olímpicas de água tratada são desperdiçadas diariamente.
Mostrando indicadores dos 839 municípios brasileiros com população acima de 50 mil habitantes, o Painel Saneamento Brasil (painelsaneamento.org.br), iniciando pelas 200 maiores cidades do Brasil, mostra que 15.8% dos brasileiros (25,3% no Nordeste) não têm acesso a água, e 42,5% (69,8% no Nordeste) não têm coleta de esgotos.
Segundo o Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento – SNIS (2022), que reúne informações e indicadores sobre a prestação dos serviços de água, esgotos, manejo de resíduos sólidos e manejo de águas pluviais, a cobertura das redes de distribuição de água no Brasil alcançou 753,2 mil quilômetros de extensão, e as de esgotamento sanitário o total de 365 mil quilômetros, e foram coletadas 65,63 milhões de toneladas de resíduos sólidos urbanos.
As dificuldades do fornecimento e qualidade de água podem impactar as economias no setor da saúde, onde a produtividade do trabalho pode ser afetada, na agricultura, onde a qualidade e quantidade de alimentos produzidos pode ser reduzida, no turismo, na indústria, e em outros setores que dependem da qualidade ambiental e serviços de ecossistemas que Ceres, deusa da abundância, continua a observar nesta maior potência hídrica do planeta.
Eduardo Athayde é diretor do WWI no Brasil. eduathayde@gmail.com
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ESG na economia local e global
Por Eduardo Athayde*
Ao falar no Fórum Econômico Mundial (WEF 2021), Larry Fink, presidente da Black Rock, maior gestora de fundos do mundo, atualmente com ativos da ordem de US$ 8 trilhões de dólares, enviou a tradicional carta de janeiro aos seus investidos colocando o ESG no topo da agenda. “A pandemia, ao contrário de desviar, intensificou o debate do clima, hoje temos um movimento de proporções tectônicas que se acelera neste sentido, precisamos agir rápido”, afirmou Fink.
Acompanhando os planos climáticos globais o Goldman Sachs analisou, no ‘Carbonomics’, o plano de US$16 trilhões da China para tornar o país “carbono neutro” até 2060, com investimentos em tecnologias limpas que podem criar 40 milhões de novos empregos e impulsionar o crescimento econômico sustentável; o do presidente Joe Biden, US$ 2 trilhões de combate a mudanças climáticas, aumentando o uso de energia limpa nos setores de transporte, eletricidade e construção, e o da União Europeia que inova em políticas ambiciosas para reduzir as emissões em 55% até 2030.
Traduzido do inglês, (ESG) Governança Ambiental, Social e Corporativa refere-se aos três fatores centrais na medição da sustentabilidade e do impacto social de um investimento em uma empresa ou negócio, ajudando a determinar melhor o desempenho financeiro e de governança das empresas perante o mercado e a comunidade. Para qualquer ação ser global, é necessário ser antes local. O global é um mosaico do que acontece nas localidades e a economia, conjunto de atividades desenvolvidas visando a produção, distribuição e o consumo de bens e serviços necessários à sobrevivência e à qualidade de vida, não foge a essa regra.
No Brasil, enquanto a Bolsa de Valores, B3 e a S&P Dow Jones lançaram o índice S&P/B3 Brasil ESG, selecionando empresas brasileiras para sua carteira; a XP Investimentos, mostrou seis tendências ESG a serem monitoradas em 2021. 1. Os fatores sociais devem ganhar mais atenção; 2. Mudanças climáticas: todos os olhos voltados para as emissões de CO2; 3. Economia circular e as novas oportunidades de investimentos; 4. Gestoras: prontas ou não, aí vem o ESG; 5. Engajamento corporativo como oportunidade e 6. Padronização das divulgações e métricas ESG: uma evolução necessária.
No setor de saúde, um exemplo a ser citado é o da Liga Álvaro Bahia Contra a Mortalidade Infantil que completa cem anos de fundada em 2023, filantrópica e mantenedora do Hospital da Criança Martagão Gesteira, 100% SUS, já adotou os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), desde 2015, firmou parceria com a ONU, e busca orientações entre as chamadas Big 4 (PwC, Delloite, Ernest & Young e KPMG), maiores do mundo, para audita-la e orientá-la na governança. Unificando parâmetros ESG e criando uma métrica global, as quatro lançaram um relatório internacional com os pilares norteadores: Princípios de Governança, Planeta, Pessoas e Prosperidade.
A pauta ODS/ESG do setor de educação cresce rápido. Enquanto universidades públicas avançam nos debates da nova realidade, percebendo que no ESG o “S” é o que mais cresce globalmente; as universidades privadas entram em rotas de adaptação. A Universidade Católica do Salvador, que em 2021 comemora 60 anos, articula, com o respaldo da Cúria, parcerias entre universidades católicas do mundo que já operam na dimensão ESG, seguindo a “Encíclica Laudato Si”, o cuidado com a casa comum, do Papa Bento XVI, apresentada na bicentenária Associação Comercial da Bahia pelo então arcebispo Dom Murilo Krieger, convidando à ação os empresários locais.
No setor de mineração, a Companhia Baiana de Pesquisa Mineral (CBPM), adotando ODS e ESG, lançou o Hub de Mineração na FIEB e articula com o Instituto de Geociências (UFBA), o Senai/Cimatec, as empresas de mineração e a Bolsa de Valores de Toronto, opções de investimentos para prospecções minerais na área de influência da Ferrovia Oeste Leste – FIOL, que corta a Bahia longitudinalmente até o Porto Sul, em Ilhéus, está 80% pronta e será privatizada, no padrão ESG, em abril de 2021.
A Federação da Agricultura da Bahia (FAEB) e o Senar, por sua vez, conversam com mineradoras organizando parcerias. Rejeitos de mineração são adubos e a agricultura, adubada, ajuda a mitigar impactos ambientais da mineração transformando em agronegócios, com energias limpas (ODS 7), rendas e riquezas novas geradas no campo, uma economia circular estimulada pelo ESG, já internalizada pela Universidade Federal do Vale do São Francisco (UNIVASF).
No setor florestal também tem novidades. A conservação de florestas nativas foi incluída na Classificação Nacional de Atividades (CNAE), adotado para padronização das atividades econômicas no país, visando fomentar a valoração dos serviços ecossistêmicos via pagamento por serviços ambientais. Valoração, precificação e monetização do carbono e da biodiversidade – com valorosa garantia de preservação – estão na ordem ESG do dia. A Indústria Brasileira de Árvores (IBÁ), que oferece bioprodutos e biomateriais para o mercado nacional e internacional, prevê investimentos em expansão de R$ 35,5 bilhões até 2023.
E mais, 2021 a 2030 foi declarada como a Década dos Oceanos pela ONU, estimulando cooperação internacional para promover a preservação dos oceanos (ODS 14) que geram mais de 50% do oxigênio global, absorvem metade do carbono produzido e respondem por 80% da biodiversidade do planeta. A gestão dos recursos naturais de zonas costeiras será estimulada por métricas ESG. A Baía de Todos os Santos, destacada como Capital da Amazônia Azul, e a Marinha do Brasil, entram, assim, no radar do observatório internacional de investimentos na economia do mar e dos eventos do Fórum Econômico Mundial, cenarizados e acompanhados pelo WWI.
*Eduardo Athayde é diretor do WWI no Brasil. eduathayde@gmail.com
Leia também: Sustentabilidade é cada vez mais decisiva na condução dos negócios
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2021 já começou
Quando o Papa Gregório XIII introduziu seu calendário gregoriano, em 1582, adiantando a data em 10 dias, passando o dia seguinte da quinta-feira, 4 de outubro de 1582, para sexta-feira, 15 de outubro do mesmo ano; a Europa resistiu mantendo o antigo calendário Juliano, implementado por Júlio César em 46 a.C. Mais de 300 anos passaram para que todos os países adotassem o calendário gregoriano, hoje usado na maior parte do mundo.
Na Grã-Bretanha a adoção do calendário gregoriano gerou tumultos e protestos. Os cidadãos ingleses reagiram quando o parlamento adiantou o calendário durante a noite de 2 de setembro para 14 de setembro de 1752, indo às ruas e exigindo que o governo “nos desse nossos 11 dias de volta”. Do outro lado do Atlântico, Benjamin Franklin (1706 -1790), fundador da Universidade da Pensilvânia, deu as boas-vindas à mudança: “É agradável para um homem idoso poder ir para a cama em 2 de setembro e não ter que se levantar até 14 de setembro”. A Grécia foi o último país europeu a adotar o calendário gregoriano em 1923.
Nesta terceira década do Século XXI, a pandemia, que paralisou o mundo, parece mexer no calendário dando a sensação de aceleração da história. Antecipando tecnologias, a inteligência artificial mudou modos de vida, esvaziou escritórios e o trânsito, desmetropolizando cidades. De repente o home-office removeu carros descarbonizando pulmões e centros urbanos. 2020 fluiu como um hiato sem lógica nem explicação, abateu planejamentos e orçamentos com estruturas que não fazem mais sentido e dissolve-se sem acabar, enquanto 2021 dá ares de já estar no curso pós carnaval, iniciado sem festa, antes do Natal.
No intervalo de espaço tempo covidiano, o sistema financeiro internacional, influenciado por ventos da pandemia e pela inteligência da plataforma de gestão dos Objetivos do Desenvolvimento Sustentável (ODS), Agenda 2030, já adotada pela academia, governos, empresas e fundos de investimentos ao redor do mundo; acelerou na adoção dos critérios ambientais, sociais e de governança (ESG), já exigidos para concessão da licença social local.
Enquanto investidores puramente rentistas ainda reagem – como os ingleses do Século XVIII, reclamando os velhos tempos de volta – o Fórum Econômico Mundial (WEF), recomendou padrões comuns para auxiliar empresas, independentemente do setor, na criação de valor sustentável divulgando documento intitulado “Medindo o Capitalismo das Partes Interessadas: Rumo a Métricas Comuns e Relatórios Consistentes da Criação de Valor Sustentável”, extraindo métricas do Global Reporting Initiative (GRI) para permitir a adoção acelerada.
Desenvolvidos para treinar serviços financeiros, corporativos e outros profissionais que buscam entender como ESG impactam o desempenho da empresa, o valor para os acionistas e a tomada de decisões de investimento, os cursos da PRI Academy foram elaborados para ajudar a maximizar a aplicação prática desses novos conceitos.
A S&P Dow Jones, maior provedor de índices do mundo, lançou o índice S&P/B3 Brasil ESG, em parceria com a B3, a bolsa do Brasil. O indexador utiliza critérios baseados em práticas ambientais, sociais e de governança para selecionar empresas brasileiras para sua carteira.
Investimentos ESG, que já atingem montantes internacionais de US$40 trilhões – e deverão acelerar em 2021 – são um conjunto de padrões para operações de empresas que investidores socialmente conscientes usam para avaliar seus investimentos, influenciando diretamente o desenvolvimento local. As plataformas ODS/ESG são base dos novos algoritmos que pilotarão o sistema operacional global.
Editor da conceituada revista The Economist, Tom Standage, inspirado em Benjamin Franklin, apresenta tendências na última edição de título ‘The World in 2021’, mostra lições e chances de mudanças positivas que surgiram com a crise. “Quaisquer que sejam as cartas que 2021 possa dar a você, as chances são sempre a seu favor”, afirma Standage. Feliz ano novo.
Eduardo Athayde é diretor da Rede WWI no Brasil – eduathayde@gmail.com
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Do esgoto ao adubo – governança nova no saneamento
Quando o Secretário-Geral da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), Angel Gurría, durante o 8º Fórum Mundial da Água (2018), em Brasília, firmou pacto para implementação dos Princípios da OCDE sobre Governança da Água, incluindo os Objetivos do Desenvolvimento Sustentável (ODS), da Agenda 2030; estabeleceu princípios do marco regulatório durante o maior evento global do setor, que reuniu governos do mundo, academia, gestores públicos e privados entre os cerca de 30 mil participantes, além da mídia internacional.
Dimensionando e ajudando a solucionar o problema. Em 1900 cerca de 150 milhões de pessoas moravam em cidades do mundo. Em 2000, eram 2,8 bilhões. Hoje, mais de 65% da população da Terra vive amontoada em cidades onde novas soluções do bem-estar hídrico precisam ser adotadas. O Water Governance Initiative (WGI-OCDE) oferece metodologias a serem utilizadas em nível de país, região, bacia e cidade para melhorar as políticas, com um sistema de indicadores para priorizar etapas, essenciais para o crescimento sustentado. [bit.do/OCDE-Agua]
Atribuindo a Agência Nacional de Águas e Saneamento Básico (ANA) competência para editar normas de referência na área, o marco regulatório do saneamento [Lei 14.026, de 15/07/2020] impõe governanças e investimentos novos para solucionar um urgente problema ambiental que gera graves problemas sociais.
Com cerca de 85% da população urbana brasileira concentrada em cidades que cobrem apenas 0,63% do território nacional, a previsão de investimento total é de R$ 753 bilhões, até 2033. Segundo a Associação das Concessionárias Privadas (Abcon), desse montante, R$ 144 bilhões são previstos para a rede de água, R$ 354 bilhões para a rede de esgoto e R$ 255 bilhões para a troca de redes antigas, todos a serem aplicados dentro dos princípios da sustentabilidade de resultados, com prazos, tarefas, orçamentos e entregas definidos – e devidamente divulgados.
Dados do Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento (SNIS) mostram que, em média apenas 46% dos esgotos do país são tratados, informando percentuais por região: Norte, 22%; Nordeste, 36%; Sudeste, 50%; Sul, 45% e Centro Oeste, 54%. Das 100 maiores cidades brasileiras que fazem tratamento do esgoto, apenas 10 tratam acima de 80% do que é coletado. Mais de 100 milhões de brasileiros não têm acesso a coleta de esgoto e 35 milhões de pessoas ainda não têm acesso a água potável.
O Instituto Trata Brasil, uma referência nacional, mantém um “esgotômetro” no site mostrando que desde janeiro de 2020, até o momento que este artigo é escrito, foram despejadas 1.572.475 piscinas olímpicas de esgoto na natureza [bit.do/esgotometro]. As Parcerias Público Privadas (PPP) unem competências para o aproveitamento das “piscinas desperdiçadas”, ajudando a transformar esgoto em adubo, na urgência exigida pela sociedade.
Analisando as oportunidades contidas na nova lei para a geração de rendas e trabalhos novos, na cidade e no campo, inclusive na agricultura familiar, startups orientam empresas em novas rotas para buscar financiamentos em bancos como o BNDES [bit.do/BNDES-Saneamento] e a Caixa Econômica Federal [bit.do/CAIXA-Saneamento], que investem no saneamento básico do país.
Levantamento da Black Rock, maior gestora de ativos do mundo, com US$ 7 trilhões sob gestão, aponta que 94% dos produtos de investimento ESG (Environment, Social and Governance) tiveram as melhores performances este ano. Estruturando o sistema, o Global Reporting Initiative (GRI), organização internacional, ajuda instituições a compreender e comunicar o impacto dos negócios nas questões de sustentabilidade, auxiliando na elaboração de relatórios para avaliação de riscos em tomadas de decisões.
As agências de risco Moody’s, Standard & Poor’s e Fitch, que avaliam e validam ativos, ficaram mais sistemáticas na avaliação dos quesitos de sustentabilidade, desde 2015, quando a ONU lançou os ODS, munindo instituições públicas e privadas com uma plataforma de ferramentas gerenciais que facilitam suas operações dentro de novos parâmetros da sustentabilidade.
Minerando ativos no esgoto, a exemplo de nitrogênio e fósforo para reciclar na cadeia produtiva, startups, que podem estar em qualquer lugar do planeta, inclusive nas pequenas cidades brasileiras sem saneamento básico, agregam inteligência nova ao sistema. Usando métricas da sustentabilidade de resultados as ‘watertechs’, atuando em rede, buscam musculaturas financeiras em aceleradoras abastecidas por fundos ligados aos Princípios para Investimentos Sustentáveis [unpri.org].
Mergulhando nos bionegócios do ambiente molhado, startups econometrizam valores de cada gota d’agua, monitoradas via internet das coisas (IoT) e contratualizadas em blockchain, transformando esgoto em adubos baratos para abastecer a agricultura e voltar limpa, reciclada e potável, ao copo.
Eduardo Athayde é diretor do WWI Brasil – eduathayde@gmail.com
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Bolsa de Valores de Toronto, na Bahia
Sediada no coração financeiro da cidade, a Toronto Stock Exchange – TSX (Bolsa de Valores de Toronto) é a maior bolsa de valores do Canadá, segunda maior do continente americano depois do New York Stock Exchange, e sexta maior do mundo. Gerida pelo TMX Group Limited, uma empresa canadense de serviços financeiros que opera bolsas de valores, renda fixa, derivativos e mercados de energia, a TSX movimenta anualmente 1,62 trilhão de dólares. A B3, Bolsa de Valores do Brasil, localizada em São Paulo, movimentou 1,13 trilhão de dólares em 2019.
O Grupo TMX vem prospectando negócios no Brasil, especialmente no setor mineral e de energias limpas, intimamente conectados, devido ao intenso uso de minerais na cadeia produtiva das energias renováveis, já firmou acordo de cooperação com o Instituto Brasileiro de Mineração (IBRAM) e vem negociando com a Companhia Baiana de Pesquisa Mineral (CBPM), bem avaliada pelo amplo portfólio de pesquisas e por já ter adotado os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), da Agenda 2030, seguindo critérios ESG (Environment, Social and Governance) exigidos pelo mercado global.
“O objetivo destas reuniões no Brasil, e especificamente na Bahia, é mostrar os benefícios oferecidos pelo nosso ecossistema de bolsas”, disse Guillaume Légaré, diretor da TMX para América do Sul, em reunião com a direção da CBPM, estimulando a abertura do capital da estatal na bolsa canadense para atrair investimentos e gerar novas rendas e postos de trabalhos no setor mineral baiano, considerado o mais diverso das Américas.
De acordo com um novo relatório do Banco Mundial “Minerais para Mudanças Climáticas: A Intensidade Mineral da Transição de Energia Limpa” [bit.do/WB-Mine-Energy], a produção de minerais, como grafite, lítio e cobalto pode aumentar em quase 500% até 2050 para atender à demanda crescente por tecnologias limpas. O relatório estima que mais de 3 bilhões de toneladas de minerais e metais serão necessários para desenvolver tecnologias de energia mais limpas e implantar energia eólica e solar.
Operando em mercados globais, o Grupo TMX constrói comunidades digitais e soluções analíticas para facilitar o financiamento e crescimento de empresas e investidores. A extração sustentável e o processamento de minerais e metais para garantir o fornecimento de tecnologias de energia limpa precisam equilibrar toda a cadeia de valor aos critérios ESG, exigidos pelos investidores nos processos de análise e tomada de decisão. O financiamento sustentável emerge como novo padrão para as empresas de mineração acessarem capitais, de acordo com dados da S&P Global Market Intelligence.
Exemplos de pressão na demanda, guindada por projetos de infraestrutura e veículos elétricos, e a quantidade de alumínio, cobre, prata, zinco e terras raras, necessários na transição para a energia renovável, revelam as tendências disruptivas na era da “eco-nomia digital” – pós covid-19 – que virtualizou o modus operandi do planeta. A Tesla, que produz carros elétricos, é um bom exemplo, tornou-se a montadora com maior valor de mercado do mundo, valendo três vezes mais do que as duas tradicionais americanas, Ford e General Motors, juntas.
O Brasil, rico em metais básicos e preciosos, com algumas das maiores reservas de metais essenciais necessários para a revolução da energia limpa, vai precisar alinhar-se aos rígidos critérios de compliances da sustentabilidade, incluindo internet das coisas, contratos em blockchain e indicadores com algorítmos de inteligência artificial, hoje exigidos pelo mercado global para toda cadeia de valor de produtos e serviços de alta performance e baixo carbono, negociados em bolsas.
Eduardo Athayde é diretor do WWI Brasil – eduathayde@gmail.com
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Sustentabilidade 2020
No início deste ano o mundo foi surpreendido com a carta do Laurence Fink, presidente da Black Rock, a maior empresa multinacional de gerenciamento de investimentos do planeta, com ativos de US$ 6,96 trilhões (PIB do Brasil – US$2 trilhões), enviada aos CEOs das suas empresas investidas, determinando que a sustentabilidade esteja no foco das suas decisões. “Estamos à beira de uma mudança estrutural nas finanças”, disse Fink.
Sozinho, o Black Rock é a terceira maior economia entre as 10 maiores do globo, atrás apenas dos EUA (US 21.5 tri) – que estão à frente desde 1871 – e China (US 14.2 tri). Matem-se à frente do Japão (US 5.2), Alemanha (US 4.2), Reino Unido (US 2.98 tri), Índia (US 2.935 tri), França (US 2.934), Itália (US 2.1 tri), Brasil (US 2.0 tri) e Canadá (US 1.8 tri). “Quem pode manda, quem tem juízo obedece”, ensina o ditado popular.
Juntando os legos da “eco-nomia” que floresce disruptivamente no mundo, o Forum Econômico Mundial (WEF), realizado entre 21 e 24 de janeiro de 2020, em Davos, na Suíça, reúne líderes globais para analisar, debater e mostrar o que está sendo feito no planeta, elegendo, este ano, sete principais temas: Futuros Saudáveis, Melhores Negócios, Além da Geopolítica, Economias mais Justas, Sociedade e Futuro do Trabalho, Como Salvar o Planeta, Tecnologias para o Bem.
A 15ª edição do Relatório Global de Riscos do Fórum Econômico Mundial mostra que os efeitos e as mudanças climáticas são mais fortes e rápidos do que o esperado. “Os desafios diante de nós exigem ação coletiva imediata, mas as fraturas na comunidade global parecem estar aumentando. As partes interessadas precisam agir com rapidez e propósito dentro de um cenário global instável”, afirma o relatório.
Nesta mesma linha, o comitê executivo da Black Rock afirma na carta aos clientes: “Acreditamos que a sustentabilidade deve ser o nosso novo padrão de investimento”, enfatizando que as empresas onde investem devem considerar as dimensões ambientais, sociais e de governança (ESG em inglês), como padrão em seus modelos de negócios.
“As evidências sobre o risco climático estão forçando os investidores a reavaliar os pressupostos básicos sobre as finanças modernas. Até o final de 2020, todos os portfólios ativos e estratégias estarão totalmente integradas a critérios ESG”, orienta Fink, com a responsabilidade de dar cada vez maior rentabilidade aos US$ 6.96 trilhões de dólares dos seus exigentes clientes que apostam na sua gestão.
Indo além da busca pelo lucro, Fink afirma: “Uma empresa farmacêutica que aumenta impiedosamente os preços, uma empresa de mineração que reduz a segurança, um banco que não respeita seus clientes – essas empresas podem maximizar os retornos a curto prazo. Mas, como temos visto repetidas vezes, essas ações que prejudicam a sociedade irão prejudicar a empresa e destruir o valor para os acionistas.”
A geoeconomia do trabalho está mudando. Hoje, qualquer pessoa em qualquer lugar do mundo, com um smartphone, pode participar do WEF ao vivo, fazer um curso em Harvard, comprar passagens aéreas e ingressos ou encontrar financiamento para seu novo empreendimento.
Em Salvador, Capital da Amazônia Azul, o acarajé quentinho chegou e contagiou executivos da Black Rock através do internacional Uber Eats. Essas mudanças profundas são muito recentes. As tecnologias e a gestão das empresas inovadoras, que estão modificando nossas vidas econômicas e sociais, querem garantir a preservação ambiental.
O Brasil, que sempre esteve no radar do Fórum Econômico Mundial, reorganiza sua economia. Voltando a crescer de forma sustentável, dentro dessa visão, gera gravidade e atrai empresários e investidores.
Como será que estaremos em 2030?
Eduardo Athayde é diretor do WWI Brasil. eduathayde@gmail.com
Artigo publicado originalmente em 17 de janeiro de 2020, no site do Jornal Correio.
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Ponte ‘Amazônia Azul’
Quando o martelo foi batido na Bolsa de Valores de São Paulo, concedendo a um grupo chinês o contrato de construção da ponte Salvador-Itaparica, um novo vínculo transcontinental sino-baiano foi selado. Guardadas as épocas, fato parecido aconteceu há 500 anos quando os portugueses enviaram Thomé de Souza para bater martelos e construir aqui uma obra grandiosa, fincando sua cultura, sua língua, seus conhecimentos e sua arte na cidade de São Salvador.
Perguntado se gostaria de ver uma ponte cortando a Baía de Todos os Santos (BTS), a resposta seria não! Contudo, fatos e dados falam alto obrigando-nos a reconhecer que, depois do martelo batido a Bahia não será a mesma.
Como Gaspar de Lemos e Américo Vespúcio que descobriram a baia em 1501, os sábios chineses, com experiências acumuladas de 5000 anos de comercio e cultura sofisticada, já descobriram que a baía da Bahia é o maior e melhor porto natural do país, localizado no centro da costa da maior “potência econômica” da América Latina, onde tiveram a sorte de vencer um mini leilão (para padrões chineses) de apenas US$1,5 bilhão de dólares – mais um negócio da China, com riscos assumidos pelo estado, do jeito que o empresário gosta.
A pequena ponte Salvador-Itaparica de 12,5 km, que será construída sobre a BTS – Capital da Amazônia Azul – implica, na verdade, na construção de uma megaponte de 16.134 km (distância entre Salvador e Pequim) que começa a ser erguida. Com as empresas chinesas, virão a Universidade da China e a Caitec [Chinese Academy of International Trade and Economic Cooperation – en.caitec.org.cn], que já firmou convênio com o Instituto de Planejamento Econômico Aplicado – IPEA, para transferir conhecimentos e tecnologias, implementando logísticas, prazos, comandos e entregas que moverão uma força de seis bilhões de reais, de amplo espectro, numa cidade carente de investimentos e empregos.
O consórcio vencedor, denominado CCCC South America, é formado por três empresas: China Railway 20 Bureau Group Corporation – CR20 [cr20g.com], fundada em 1948, com 18.574 empregados, que constrói ferrovias, rodovias, pontes, túneis, estações de metrô, rodovias e também opera desenvolvimento imobiliário, comércio de logística.
A China Communications Construction Company Limited – CCCCLTD [en.ccccltd.cn], fundada em 2005, que é uma das “Top 500” empresas do mundo, opera negócios de construção de infraestrutura, engenharia ferroviária, engenharia metalúrgica, engenharia de túneis, engenharia de energia, engenharia hidráulica e engenharia municipal. A CCCC South America Regional Company S.Á.R.L, fundada em 2016 e registrada em Luxemburgo, que é controlada pela CCCC Investment Co Ltd [en.ccccltd.cn], investe em transporte, engenharia municipal, proteção ambiental e construção de condomínios.
Interessados na energia renovável que abunda na BTS, os chineses sabem que a nova ponte pode ser uma tri-usina, solar, eólica e maremotriz, com placas fotovoltaicas, turbinas eólicas e subaquáticas, gerando rendas adicionais para abastecer o projeto financeiro do negócio. A estatal CC0, uma das maiores empresas do mundo, tem em seu portfólio de 700 projetos em mais de 100 países fora da China com valor superior a US$ 100 bilhões.
Gestores da CC0 Investment, que também operam logística e incorporação imobiliária, já estão visitando e cadastrando os 1.233 km2 da Baía de Todos os Santos, seus terrenos costeiros, vias de acesso, ilhas e portos. Neste novo mundo da Internet das Coisas (IoT) e do blockchain, todo esse pacote abre uma espécie de “porta HDMI” que ligará da BTS à Praça da Paz Celestial, em Pequim, venerada pelos chineses como coração do país.
Contrato firmado, terão o direito de bater martelos, pinos e chips digitais, revelando a sua nova posição central à Zona Econômica Exclusiva da Amazônia Azul brasileira, com 5,7 milhões de Km2, agora distante a um clique virtual de Pequim. Uma nova conquista na Rota da China.
A Iniciativa do Cinturão e Rota da China é um plano ambicioso anunciado pelo presidente Xi Jinping, em 2013, para construir cerca de US$1 trilhão em infraestrutura, aumentando laços comerciais e econômicos e promover os interesses da China em todo o mundo.
Com cerca de 140 milhões de chineses viajando ao exterior anualmente, em 2030 serão mais de 300 milhões circulando o globo todos os anos – quantos poderão vir para a Capital da Amazônia Azul?
A ponte da Baía de Todos os Santos – que poderá ser batizada de Amazônia Azul – em justa homenagem ao trabalho da Marinha do Brasil, além de suscitar debates e investimentos na rica economia do mar, inova como um monumento inusitado no berço da civilização brasileira. Ganha a incansável indústria do turismo da Bahia.
* Eduardo Athayde é diretor do WWI no Brasil. eduathayde@gmail.com
Artigo publicado originalmente no site do Jornal Correio em 17 de dezembro de 2019.
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Eco-Agro-Eno Turismo 2030
O Workshop Anual Internacional de Enoturismo (IWINETC) é o principal evento global para a indústria do turismo de vinhos realizado em destinos de uvas ao redor do mundo. O evento oferece treinamento profissional e uma extensa área de exposições sobre destinos de viagens e seus vinhos. Um ambiente de negócios que reúne operadores turísticos e produtores de vinhos revelando os destaques do enoturismo. A 12ª IWINETC [www.iwinetc.com] que será realizada em Trieste, Friuli Venezia Giulia, Itália, em março de 2020, receberá vinicultores da Bahia.
O turismo rural é uma indústria em crescimento em muitas partes do mundo como Austrália, Canadá, Estados Unidos, Holanda, França, Espanha, China e Filipinas. Envolve atividades agrícolas que atraem visitantes para a colheita de frutas, criação e alimentação de animais, passeios em parreirais e a hospedagem em fazendas, incluindo provas e compras diretas de produtos. No rico e biodiverso ambiente brasileiro outros segmentos podem ser agregados ao eco-agro-eno turismo, como o birdwatchers (observadores de pássaros), por exemplo.
Enquanto membros da American Birdwatchers Association [aba.org], movimentam 20 bilhões de dólares/ano para observar pássaros, consumindo passagens, diárias, souvenires e outros produtos como café e vinhos especiais, com identidades e origem controladas, a famosa revista britânica Bird Watching [birdwatching.co.uk] mostra a corrida dos pássaros da primavera que estão “com pressa” para reivindicar um território de reprodução. O café Latitude 13 [bit.do/latitude13], produzido em um dos melhores terroirs do planeta, que leva o aroma, a qualidade e o sabor da Bahia para o mundo, está ganhando um novo aliado, o vinho da chapada que, em lapidação, já revela o mais novo diamante da região. Ambos estão nas rotas dos birdwatchers.
Abraçando a biodiversidade exuberante, com flora e fauna abundantes do Parque Nacional da Chapada Diamantina, o Agropolo, situado nos municípios de Mucugê e Ibicoara, promove agricultura familiar de alta qualidade com produtos nobres como o morango, mirtilo, amora preta e framboesa. Assumindo compromissos de compatibilizar boas práticas de produção agrícola com a imperiosa preservação ambiental, obteve o primeiro Licenciamento Ambiental Conjunto do país em 2012. Hoje, a produção local de hortifrutigranjeiros alimenta anualmente milhões de pessoas. Segundo o IBGE, Mucugê e Ibicoara ocupam 9º e 10º lugares, respectivamente, no PIB agropecuário estadual.
Inovando no plantio de videiras e no projeto enoturístico, a Fazenda Progresso, integrante do Agropolo, implementa ambiente protegido de 100.000 m2 livre de agroquímicos e com baixa demanda hídrica entendendo que, na era da “eco-nomia digital”, onde um simples toque na tela do smartphone expõe informações e possibilidades de conexões e negócios internacionais, esses antes esquecidos municípios do interior da Bahia passam a ser destacados pontos do planeta de interesse especial de investidores e da comunidade internacional.
Trilhando o caminho para adotar a Agenda 2030 / Objetivos do Desenvolvimento Sustentável – ODS, da ONU [www.agenda2030.com.br], uma espécie de dialeto global comparado ao esperanto, onde todos, de qualquer idioma, conseguem entender, o Agropolo da Chapada Diamantina entra na conversa da rica comunidade internacional – município com município – conectando as cidades. Inserido neste cardápio global, os ODS ajudam a promover e a atrair eco-agro-eno turistas e investimentos sustentáveis para usufruir, festejar e divulgar os potenciais “eco-nômicos” dessa rica região.
*Eduardo Athayde é diretor da Rede WWI – eduathayde@gmail.com. Fabiano Borré é diretor da Fazenda Progresso, integrante do Agropolo – fabiano@fazendaprogresso.com
Artigo publicado originalmente em 21 de setembro de 2019 no Jornal Correio.
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Petróleo e Gás na Agenda 2030
O primeiro poço do Canadá, cavado à mão em 1858, encontrou petróleo a uma profundidade de 4,26 metros. Hoje, com o país ostentando a terceira maior reserva de petróleo do mundo, a província canadense de Alberta, onde o Conselho de Conservação de Petróleo e Gás Natural impõe rigorosa legislação de conservação, mais de 100 novos poços são perfurados diariamente em terra e a produção de petróleo e gás “onshore” é considerado um dos mais lucrativos e sustentáveis do mundo.
Interessada nos inovadores padrões de negócios canadenses, comitiva brasileira liderada pela Federação das Indústrias do Rio (Firjan) e a Agencia Nacional de Petróleo (ANP) participou da Gobal Petroleum Show, onde conheceu a Agenda 2030 canadense, organizada e incentivada pelo governo para “não deixar ninguém para trás” . Comparado com outros combustíveis fósseis, o gás é considerado relativamente limpo, emite cerca de 75% menos óxidos de nitrogênio.
À medida que os empregos e as instituições da era industrial declinam e a era digital da informação floresce e amadurece, as empresas de tecnologia de petróleo e gás, abastecidas pela inteligência nova das startups, blockchain e Internet das Coisas – IoT, explodem com valorizações de bilhões de dólares, numa escalada sem precedentes na história. As velhas indústrias não tecnológicas mudam, ou morrem.
Segundo a Confederação Nacional da Industria – CNI, apenas 27% da produção de gás natural do Brasil é realizada em terra. Visando a retomada do desenvolvimento regional, o Programa de Exploração e Produção de Petróleo e Gás Natural em Terra – Reate 2020 [bit.do/REATE2020], foca em dobrar a produção de petróleo e gás natural e áreas terrestres, atraindo investimentos nos municípios e gerando cerca de 700 mil novas vagas de empregos, para produzir, até 2030, 500 mil barris de óleo equivalentes/dia.
A Petrobras, dentro da Política de Responsabilidade Social da empresa, vem estimulando o desenvolvimento territorial sustentável nos municípios onde está presente. Para isso, firmou acordo com o PnuD para promoção da Agenda 2030 / Objetivos do Desenvolvimento Sustentável (ODS), ampliando as capacidades locais, incluindo gestores municipais e atores locais relevantes, estimulando os municípios a adorarem os ODS.
Alinhado com a Agenda 2030 e com as inovações do Canadá, o Senai/Cimatec, ciente que o gás natural que abunda nos poços terrestres desativados pode representar, em alguns casos, mais de 30% do custo final da indústria; vem introduzindo os princípios ODS em suas ações, com resultados planejados, mensurados e garantidos.
Iniciativas disruptivas e inovadoras, que atraem colônias de startups, investem para derrubar o preço do gás natural no Brasil, um dos mais caros entre os países do G20 (grupo formado pelos ministros de finanças e chefes dos bancos centrais das 19 maiores economias do mundo mais a União Europeia). Nos EUA o gás entregue para as distribuidoras custa, em média, 3,13 dólares/milhão/BTU, no Brasil o preço está acima de 10 dólares/milhão/BTU.
Nos 14 estados identificados pelo Reate para investimentos – a Bahia entre eles – cerca de 730 áreas de exploração já foram selecionadas, fazendo os investimentos no setor pular dos atuais R$1,6 bi, para R$4 bi por ano, um crescimento de 150%, ampliando a produção de gás nos próximos de anos de 25 milhões m3 para 50 milhões m3, em dez anos.
O mercado global de blockchain que até o fim de 2019 deve movimentar US$ 2,2 bilhões, crescerá mais de dez vezes no prazo de quatro anos, alcançando US$ 23,3 bilhões em 2023. Até 2030, o Reate “onshore” prevê investimentos 40 bilhões de reais em áreas de poços terrestres, porém, com o embarque dessas novas tecnologias e adoção da Agenda 2030 pelos municípios, os investimentos poderão ser localmente multiplicados.
*Eduardo Athayde é diretor do WWI. Artigo publicado originalmente no Jornal Correio, em 1º de setembro de 2019.
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“Polo Nordeste” do Mercosul
Integrada a mercados globais graças a inteligentes logísticas de transportes e comunicações, a União Europeia (EU) facilita a produção, a compra e a venda de bens para os seus 500 milhões de consumidores.Como maior economia do mundo é a mais aberta para os países em desenvolvimento. “Ao longo dos anos, a UE investiu muito no desenvolvimento da maior rede mundial de acordos comerciais” afirmou a Comissária para o Comércio da UE, Cecilia Malmström.
Além de ser o maior bloco comercial do mundo é o maior comerciante mundial de bens e serviços manufaturados. Com um PIB per capita de 25.000 euros, ocupa o primeiro lugar em investimentos internacionais e é o principal parceiro comercial de 80 países, universo aumentado com a entrada do Mercosul.
Signatários do Tratado de Assunção que criou o Mercosul em 1991, Brasil, Argentina, Paraguai e Uruguai acolheram os outros países sul-americanos na condição Estados Associados sujeitos a protocolos de adesão. Quinta economia do mundo com população 295 milhões, o Mercosul tem US$ 824 bilhões em projetos de infraestrutura financiados. A Venezuela foi suspensa em 2016 por descumprimento do Protocolo de Adesão.
Com o acordo com a União Europeia, o Nordeste brasileiro, cujo PIB cresceu apenas 0,6% em 2018 (Brasil cresceu 1,1%), passa a ser visado pelo mercado europeu como Polo Nordeste do Mercosul. Com uma economia equivalente à de Portugal (2018 – PIB Nordeste US$ 236,9 bi / PIB Portugal US$ 237,9 bi) e fortes identidades sócio culturais, o Nordeste tem, além da sede da Comissão Europeia, em Bruxelas, a pátria lusófana como mais um espaço para difusão de um Plano de Desenvolvimento do Polo Nordeste do Mercosul – PDPNM (adaptação internacional do PRDNE [www.sudene.gov.br/prdne].
Construído a partir da contribuição de especialistas, instituições de fomento e membros da sociedade civil, o Plano Regional de Desenvolvimento do Nordeste – PRDNE, aprovado pelo Conselho Deliberativo da Sudene em maio de 2019, pouco antes da celebração do acordo com a UE, já está adaptado para a Agenda 2030 /Objetivos do Desenvolvimento Sustentável (ODS), da ONU.
Uma das áreas que mais atrairá a atenção da UE, focada na economia do mar, são as Zonas Econômicas Exclusivas – ZEEs marinhas do Mercosul. A ZEE marinha europeia tem 25 milhões de km². A ZEE brasileira, chamada de Amazônia Azul (com sede na Baía de Todos os Santos – central a costa e berço da civilização brasileira), tem 5,7 milhões de km² (43% estão no Nordeste). Com recursos naturais, minerais e uma rica biodiversidade ainda inexplorados, onde 85% do petróleo, 75% do gás natural e 45% do pescado do país são produzidos, escoa 95% do comércio exterior brasileiro.
Durante o lançamento do Blue Economy Report da UE [bit.do/Blue_Economy], em maio deste ano em Lisboa, Karmenu Vella, comissário responsável pelos assuntos marítimos da UE, abriu a conferência afirmando: “Este ano, o foco principal está em impulsionar uma economia “azul”, o uso sustentável dos recursos oceânicos para o crescimento econômico.
Na era da eco-nomia digital, onde fatos e dados globais trafegam na velocidade de cliques nos celulares, não é mais possível “pensar fora da caixa”, a caixa agora é o planeta. “O grande problema do Nordeste é a opinião que o resto país tem dele: negativista e falsa”, afirma a respeitada cientista social, economista pernambucana e professora Tania Bacelar.
Se convidada para mostrar o Nordeste aos novos parceiros da UE, a professora Bacelar vai descortinar o que o Brasil, preso pela visão marginal que o resto do país, prisioneiro no centro Sul, demora a enxergar: um novo “Polo Nordeste do Mercosul” com potenciais de investimentos internacionais e de desenvolvimentos locais, nunca antes percebidos nem observados.
Eduardo Athayde é diretor do WWI-Worldwatch Institute no Brasil. Artigo publicado originalmente no site do jornal Correio em 23/08/19.