O embaixador André Corrêa do Lago, secretário de clima, energia e meio ambiente do Ministério das Relações Exteriores, destacou que a COP30 (30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas), programada para o final de 2025, em Belém (PA), será o encontro mais importante do mundo nos últimos anos, já que sua agenda tentará conciliar a meta financeira aprovada em Baku, durante a COP29, com as novas Contribuições Nacionalmente Determinadas (NDC) que os países deverão apresentar até fevereiro para o Acordo de Paris.
“Não há exagero em dizer que a COP se tornou a mais importante reunião do mundo nos últimos anos. As decisões são sobre mudança do clima, mas as soluções para mudança do clima são econômicas, políticas e geopolíticas. Por isso que a COP desperta tanto interesse”, disse Corrêa do Lago, um dos nomes cotados para a presidência da Conferência.
Na mesma linha, a ministra do Meio Ambiente e Mudança do Clima, Marina Silva, considerou que, depois de uma década de discussões, chegou a hora da implementação. Para ela, os países terão como desafio principal colocar em prática os compromissos firmados desde a assinatura do Acordo de Paris, em 2015, e reconhecer a urgência da crise climática.
“O que aconteceu no Rio Grande do Sul [as inundações históricas ocorridas em maio], o que está acontecendo no mundo e o prejuízo que isso está causando para os sistemas de produção de alimentos são algo para fazer com que a gente se mobilize com o sentido de urgência. Nós temos que chegar em Belém decretando estado de emergência climática”, disse Marina durante evento organizado por O Globo e Valor no Rio de Janeiro, na quarta-feira, 11 de dezembro.
Senso de urgência
O senso de urgência ganha mais pertinência por conta dos resultados decepcionantes da COP29 de Baku, realizada no mês passado. Marina reconheceu que a rodada recente de negociações não produziu os resultados esperados, especialmente no que se refere ao financiamento climático internacional. A ministra lamentou que as discussões tenham sido contaminadas por tensões geopolíticas.
“O ano de 2024 não revelou apenas conflitos de relação do homem com a natureza. Revelou também conflitos geopolíticos que não estavam postos na mesma dimensão que tínhamos na COP de Paris [COP21], em 2015”, afirmou Marina. “Não há dúvida de que todo esse cenário afetou e afeta os processos de negociação multilateral que acontecem sobretudo nesses espaços de COP”.
EUA novamente fora do jogo
Um exemplo disso foi o resultado das eleições presidenciais nos Estados Unidos, que deram mais um mandato presidencial ao negacionista climático Donald Trump. A expectativa é de que a Casa Branca volte a se distanciar das negociações climáticas, com a saída potencial dos EUA do Acordo de Paris ou até mesmo da Convenção-Quadro da ONU sobre Mudanças do Clima (UNFCCC).
Sobre a questão do financiamento climático, Marina defendeu a importância do acordo firmado em Baku, apesar de seus termos terem sido bastante criticados pelos países em desenvolvimento. Segundo a ministra, a impossibilidade de um entendimento seria “o pior dos mundos”, já que paralisaria o processo multilateral de negociação.
Com informações do ClimaInfo.