COP16 da Biodiversidade entra na sua semana decisiva

A segunda semana da COP16 de Cali terá o duro desafio de destravar as negociações em torno do financiamento para a conservação da diversidade biológica/Foto: Bernd 📷 Dittrich/Unsplash

Por ClimaInfo

A Conferência da ONU sobre Diversidade Biológica (COP16), realizada na cidade colombiana de Cali, entra em sua segunda e decisiva semana com o principal desafio na mesa de negociação. Mesmo depois das muitas conversas da semana passada, os países não conseguiram avançar na definição do modelo de financiamento para conservação da biodiversidade, elemento central para o cumprimento das metas globais de proteção acordadas em 2022.

Como ((o)) eco destacou, o tema não teve qualquer avanço na primeira metade da COP16. Até agora, foram mobilizados apenas US$ 200 milhões, um montante ridículo se comparado aos US$ 200 bilhões anuais esperados até 2030. Dentro desse valor, também é esperada a doação de US$ 20 bilhões anuais aos países em desenvolvimento até 2025; neste ponto, também não houve avanço.

A incerteza sobre o financiamento emperra a discussão sobre os planos nacionais de conservação, que sustentam o Quadro Global de Biodiversidade Kunming-Montreal e seu objetivo central de conservar pelo menos 30% das áreas terrestres, marinhas e costeiras do mundo até 2030. Isso é mais crítico para os países em desenvolvimento com grandes estoques de diversidade biológica, que dependem de recursos extras para tirar esses planos do papel.

Um dos pontos de interrogação na discussão sobre financiamento é a gestão do fundo associado ao Quadro Global. Na COP15 de Montreal, há dois anos, os países concordaram em mantê-lo sob o Global Environment Facility (GEF); porém, dificuldades de interlocução dos países em desenvolvimento com esse fundo ressuscitaram divergências sobre a sua governança em Cali.

“O financiamento da biodiversidade deve fluir para onde a biodiversidade está. A voz dos países que carregam um fardo maior deve contar mais do que conta no sistema de governança do GEF”, comentou o embaixador André Corrêa do Lago, que chefia a delegação brasileira na COP16, citado por Um Só Planeta.

Ausência de lideranças

O desinteresse dos chefes de estado e governo com a COP16 não ajuda a destravar as negociações. O governo da Colômbia, que preside a Conferência de Cali, lamentou a falta de lideranças internacionais nas discussões. Uma das ausências mais sentidas é a do presidente Lula, que cancelou sua ida depois de um acidente doméstico.

“O New York Times afirmou que a COP16 é a mais importante da história em termos de biodiversidade. O povo se reuniu, mas os governantes não o fizeram, e nem mesmo Lula me acompanhou”, lamentou o presidente colombiano Gustavo Petro, citado pelo Terra.

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