Por ClimaInfo
A transição energética global depende de uma integração bem-sucedida de fontes renováveis a sistemas já existentes. O Brasil, que já se destaca por sua matriz elétrica em relação a muitos países, tem todo o potencial para liderar esse processo. Mas também tem um longo caminho de aprimoramentos socioambientais, regulatórios, operacionais, de planejamento e de formação de preços.
É o que indica o documento “Integração de energias renováveis ao sistema elétrico brasileiro”, lançado recentemente pelo Instituto de Energia e Meio Ambiente (IEMA) e a Coalizão Energia Limpa. O estudo reconhece os desafios do Brasil para incluir o crescente volume de projetos de fontes renováveis – solar, eólica e biomassa – em seu sistema elétrico e orienta ações fundamentais para o país atingir esse objetivo, informam Um só planeta, Canal Energia e Canal Solar.
Para chegar a esse fim, os principais pontos indicados pelo documento são:
- Redefinir o papel estratégico das hidrelétricas, cuja operação pode ser otimizada para oferecer armazenamento de energia, potência em momentos críticos – ajudando a equilibrar a variabilidade das fontes eólica e solar – e para lidar com incidentes na transmissão de eletricidade;
- Planejar com horizonte superior aos atuais cinco anos na transmissão, alinhando o crescimento das renováveis à expansão das redes;
- Investir em sistemas de armazenamento de energia, fundamentais para impulsionar as renováveis intermitentes, com instalação de baterias;
- Ampliar os parques híbridos, que combinam diferentes fontes como solar e eólica ou solar e hidrelétrica;
- Investir em novas tecnologias e métodos de armazenamento de energia para cobrir o consumo da geração distribuída fotovoltaica, cuja curva de carga se concentra durante o dia; e
- Incentivar térmicas a biomassa, com potencial ainda pouco explorado de biogás e biomassa proveniente de resíduos florestais e agrícolas.
“Fatos recentes, como o desperdício das fontes eólica e solar e o vertimento turbinável indicam que o setor elétrico deve se adaptar ao crescimento e ao perfil de geração das renováveis, visando potencializá-las, em vez de limitá-las. A tendência é que tenhamos cada vez mais pressão no sistema para atender a picos de demanda decorrentes de ondas de calor”, destacou Ricardo Baitelo, gerente de projetos do IEMA e autor do estudo.
Em tempo: o Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) prevê elevar os limites de exportação de energia gerada no Nordeste para o restante do país em setembro, o que pode contribuir para reduzir o volume de cortes de geração renovável, informa o Terra.
O ONS prevê que esses limites poderão ser elevados a 13.000 megawatts (MW), ante os atuais 11.600 MW, com a operação da linha de transmissão Jaguaruana II-Pacatuba no próximo mês. Os limites de escoamento da energia gerada no Nordeste para as demais regiões foram reduzidos após um evento aparentemente simples em equipamentos no Ceará causar um apagão de grandes proporções no país, em agosto do ano passado.