Iniciativas brasileiras de biodiversidade são apresentadas no Uruguai

A iniciativa visa promover este rico território como um destino de turismo de natureza, nacional e internacional./Foto: Ricardo Borges/Divulgação Grande Reserva Mata Atlântica

Em fevereiro, profissionais uruguaios e brasileiros realizaram uma dupla visita técnica entre os países. A primeira parada foi no território da Grande Reserva Mata Atlântica no estado do Paraná. A região é o maior remanescente de Mata Atlântica do mundo, com três milhões de hectares de floresta nativa, localizado nos Estados do Paraná, São Paulo e Santa Catarina. Essa área é considerada um importante patrimônio natural, cultural e histórico, e a iniciativa visa promover este rico território como um destino de turismo de natureza, nacional e internacional.

O grupo passou pelas Reservas Naturais da SPVS, em Antonina, e por Ilha Rasa, para conhecer o projeto de conservação do papagaio-de-cara-roxa. O encontro ainda compreendeu uma conversa dos visitantes com a prefeitura de Antonina e com o Núcleo de Gestão Integrada do ICMBio (Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade) na região.

Estiveram presentes representantes da ONG Ambá, Maximiliano Pérez e Rodrigo Patrón, além de Héctor Caymaris, diretor Áreas Protegidas do Departamento de Rocha, Carlos Medina, diretor de Gestión Ambiental do departamento de Maldonado e Pablo Vaz Canosa do SNAP, o Sistema Nacional de Áreas Protegidas do Uruguai.

Nos dias seguintes, os representantes brasileiros também estiveram no Uruguai, onde foi realizada uma visita técnica aos projetos da ONG Ambá, que soma quase uma década de atuação no país e trabalha para melhorar as condições da conservação da natureza, especialmente, a partir do estímulo à reconexão emocional entre as pessoas e os ambientes naturais.

Rio Uruguai e Serras da Rocha

A equipe visitou dois polos distintos: a foz do rio Uruguai e as Serras de Rocha, um local com colinas acidentadas, declives rochosos e vales atravessados por rios, e dois projetos da instituição foram conhecidos.

O “Islas y Canales Verdes del Río Uruguay”, que busca consolidar um corredor biocultural de áreas protegidas para contribuir com a conservação de espécies e habitats, com capacidade de responder às mudanças climáticas e com o desenvolvimento sustentável de atividades turísticas, educacionais e científicas ligadas à sua conservação. Também conheceram o projeto “Sierras de Carapé”, que foca na promoção do desenvolvimento sustentável, dando origem a novas formas de economia restaurativa, estímulos a comunidades rurais e promoção da conservação de ecossistemas.

A proteção da área denominada Sierras de Carapé, que inclui os departamentos de Rocha e Maldonado, abriga valores importantes para a biodiversidade nacional, a integridade do ecossistema em grande escala, bem como a continuidade da paisagem e dos corredores biológicos.

A conexão entre estes territórios tão distintos passa pelo conceito de Produção de Natureza. Locais onde as riquezas naturais, culturais e históricas ainda estão bem conservadas têm a vocação e a oportunidade de oferecer aos seus habitantes um modelo de desenvolvimento com base em uma economia restaurativa, ou seja, um modelo que amplifica as fontes de renda e emprego não só respeitando a natureza, mas também ajudando a preservá-la.

Conservação binacional

Ricardo Borges, coordenador de comunicação e parcerias estratégias da Grande Reserva, disse que os encontros ajudaram a fortalecer o trabalho de conservação da natureza que vêm sendo realizado nos dois países, mas também representou um passo importante para consolidar uma agenda de mais iniciativas similares pela América Latina.

“Os desafios que o mundo enfrenta atualmente são enormes e toda a somatória de esforços é bem-vinda. Ao manter um intercâmbio constante, acreditamos que conseguimos aproveitar muito melhor as ferramentas de trabalho colaborativo pela conservação da natureza em diferentes regiões, aproveitando as lições aprendidas e ampliando as condições de gerar mudanças positivas em grande escala. Boas ideias podem, e devem, ser compartilhadas e replicadas”, disse.

Por fim, a agenda ainda foi coroada com importantes encontros envolvendo importantes lideranças políticas do Uruguai, onde a iniciativa da Grande Reserva mata Atlântica pode ser apresentada para o vice-Ministro do Meio Ambiente, Geraldo Amarilla, a vice-Presidente Betriz Argimon e ao atual Presidente Luis Lacalle Pou. O Presidente, inclusive, comentou conhecer a região e alguns de seus principais atrativos.

Para Maximiliano Costa, coordenador geral da ONG Ambá, a experiência de conhecermos a Grande Reserva Mata Atlântica, foi importante e enriquecedora. “Especialmente compreender como se trabalha o conceito de produção de natureza em outras regiões, mesmo que sejam muito distintas, é algo muito valioso. Foi muito importante conhecer uma iniciativa já madura com resultados concretos, como a Grande Reserva”, disse o coordenador.

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