Al Gore, na COP28: “Não é mais possível esconder emissões”

Ex-vice-presidente dos EUA apresentou dados da Climate Trace, que usa IA e imagens de satélite para monitorar emissões de países, empresas e fábricas, entre outros.
Ex-vice-presidente dos EUA apresentou dados da Climate Trace, que usa IA e imagens de satélite para monitorar emissões de países, empresas e fábricas, entre outros/Foto: Christophe Viseux/UNFCCC/Flickr

Por ClimaInfo

O volume de recursos prometidos no primeiro dia da COP28 para o Fundo de Perdas e Danos – que deve prover dinheiro para países em desenvolvimento se adaptarem à crise climática –, seria gasto em 45 minutos se fosse parte dos subsídios anuais que os governos destinam aos combustíveis fósseis. Foi o que disse o ex-vice-presidente dos EUA, Al Gore, em uma plenária da Conferência.

“Temos que parar com isso imediatamente”, disse ele. Eventos climáticos extremos custaram U$ 2,5 trilhões na última década, um aumento de US$ 1 trilhão sobre a década anterior, comparou Gore, segundo o Valor.

Gore apresentou dezenas de dados da Climate Trace, rede que ajudou a fundar e que usa inteligência artificial e imagens de satélite para monitorar as emissões de países, empresas, fábricas, regiões, aeroportos, rodovias e cidades em todos os continentes, informa a CBN.

Na COP28, Brasil se posicionará como mediador de soluções

E provocou os Emirados Árabes Unidos (EAU), um dos maiores produtores de petróleo do mundo e anfitrião da COP28, cujas emissões em 2022 subiram 7,5% sobre 2021, ante um aumento médio mundial de 1,5%.

“Esta semana, o aeroporto que mais emitiu gases de efeito estufa foi o de Dubai”, disse. O aeroporto já é o mais movimentado do mundo em voos internacionais e está recebendo mais de 90 mil pessoas para os 12 dias da conferência. “Conseguimos ver que escapam emissões de metano dos gasodutos de vocês”, completou.

E a “metralhadora” de Gore não parou por aí. Ele ainda disse que a posição dos EAU como supervisores das negociações internacionais sobre o aquecimento global neste ano era um abuso da confiança pública, destacam Reuters e g1. “Eles estão abusando da confiança do público ao nomear o CEO de uma das maiores e menos responsáveis petrolíferas do mundo [Sultan Al-Jaber] como chefe da COP.”

Brasil anuncia ampliação da meta de redução das emissões de GEE

Um relatório da Human Rights Watch (HRW) feito com dados de 30 estações governamentais de monitoramento terrestre dos EAU de setembro e destacado pelo Guardian mostra que os níveis médios de PM2,5 (partículas tóxicas muito pequenas que podem penetrar profundamente nos pulmões e entrar facilmente na corrente sanguínea) eram quase três vezes os níveis diários recomendados pela Organização Mundial de Saúde (OMS).

Estima-se que 1.872 pessoas morram por ano devido à poluição do ar exterior no país, onde os migrantes representam 88% da população e são praticamente todos trabalhadores ao ar livre, que enfrentam os riscos mais elevados.

Leave a Comment

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

*