Povos indígenas são guardiões da biodiversidade e fundamentais para evitar clima extremo

Centenas de indígenas, representantes de dezenas de povos, brasileiros e estrangeiros, participam da abertura dos I Jogos Mundiais dos Povos Indígenas, que contou com a presença de Ban Ki-moon, secretário-geral da ONU (2007-2016). Os Jogos Mundiais aconteceram em outubro de 2015, em Palmas (TO).Foto: © Tiago Zenero/PNUD Brasil
Centenas de indígenas, representantes de dezenas de povos, brasileiros e estrangeiros, participam da abertura dos I Jogos Mundiais dos Povos Indígenas, que contou com a presença de Ban Ki-moon, secretário-geral da ONU (2007-2016). Os Jogos Mundiais aconteceram em outubro de 2015, em Palmas (TO)/Foto: © Tiago Zenero/PNUD Brasil

Por ONU News

Durante a abertura da 22ª Sessão do Fórum Permanente sobre Questões Indígenas, realizada entre os dias 17 e 28 de abril na sede das Nações Unidas, em Nova Iorque, o secretário-geral da ONU, António Guterres, elencou os múltiplos desafios enfrentados pelos povos indígenas: marginalização e exclusão; negação dos direitos humanos; exploração ilegal de territórios ricos em recursos; desapropriação e despejo de suas terras ancestrais; e até mesmo ataques físicos e violência.

A injustiça de gerações de discriminação se manifesta em desigualdades assombrosas. Os povos indígenas representam cerca de cinco por cento da população mundial – mas 15 por cento dos mais pobres do mundo.

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Embora os povos indígenas morem em áreas que contenham cerca de 80% da biodiversidade do planeta, muitos ainda lutam para manter seus direitos legais a terras, territórios e recursos.

“Os povos indígenas refletem a magnífica diversidade da humanidade – representando mais de 5.000 culturas diferentes e falando mais de 4.000 idiomas diferentes”, destacou Guterres.

O secretário-geral da ONU afirmou que a discriminação atravessa gerações e constitui uma injustiça que se manifesta em “desigualdades chocantes”.

Ele destacou a marginalização, a negação dos direitos humanos, a exploração ilegal de recursos naturais e a desapropriação de terras ancestrais.

Sônia Guajajara, Ministra dos Povos Indígenas da República Federativa do Brasil, participa de coletiva de imprensa na sede da ONU em Nova Iorque durante a abertura da Fórum Permanente da ONU sobre Questões Indígenas, em 17 de abril de 2023/Foto: ONU/Eskinder Debebe

Soluções dos povos indígenas para as crises que afetam a humanidade

Guterres ressaltou que é preciso valorizar a experiência e o conhecimento dos povos indígenas na preservação do meio ambiente e na garantia da segurança alimentar: “os povos indígenas detêm muitas das soluções para a crise climática e são os guardiões da biodiversidade”.

Ele destacou exemplos pioneiros de gestão da terra e adaptação a mudanças no clima. Dentre eles, técnicas ancestrais de cultivo no Sahel que estão trazendo vida para a região semiárida. Guterres também atribuiu aos povos indígenas formas de agricultura que preservam ecossistemas na Amazônia e previnem desastres nos Himalaias.

Por outro lado, o líder da ONU alertou que embora não tenham feito nada para gerar a crise do clima, estes povos estão na linha de frente das emergências que decorrem dela.

Segundo ele, os maiores e piores impactos ocorrem nessas comunidades. Como consequência os meios de vida são destruídos e a sobrevivência é ameaçada.

Guterres afirmou que é muito bem-vindo o foco da edição de 2023 do Fórum Permanente sobre a conexão entre saúde planetária e humana, a crise climática e os direitos indígenas.

Mini-doc destaca importância dos povos defensores do meio ambiente (assista)

“As Nações Unidas estão com vocês”

Perante diversas lideranças indígenas de vários países, Guterres afirmou: “as Nações Unidas estão com vocês”.

Ele saudou os movimentos indígenas de todas as partes do mundo, lembrando que muitas vezes são liderados por mulheres e jovens.

Guterres saudou a participação dos povos indígenas em outros processos da ONU, como a Convenção sobre Diversidade Biológica e a Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima. Ele lembrou que a entidade está ampliando a participação dos povos indígenas em suas ações desde 2007.

Sobre o Fórum Permanente 

Fórum Permanente das Nações Unidas sobre Questões Indígenas é um órgão consultivo de alto nível do Conselho Econômico e Social. Foi criado em 2000 com o mandato de tratar das questões indígenas relacionadas ao desenvolvimento econômico e social, cultura, meio ambiente, educação, saúde e direitos humanos.

O relatório Nossa Agenda Comum, que sintetiza a visão da organização para o futuro, defende abordagens com participação significativa e liderança de grupos marginalizados, incluindo minorias e povos indígenas.

Acompanhe, ao vivo, as sessões do Fórum de 2023 na TV online da ONU, entre os dias 17 e 28 de abril.

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